Pastoral Juvenil Salesiana

ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA

«O mandato apostólico que a Igreja nos confia é assumido e cumprido em primeiro lugar pelas comunidades provinciais e locais, cujos membros têm funções complementares, com incumbências todas elas importantes. Disso têm consciência; a coesão e a corresponsabilidade fraterna permitem alcançar os objetivos pastorais. O provincial e o diretor, como animadores do diálogo e da participação, orientam o discernimento pastoral da comunidade, para que ela caminhe unida e fiel na implementação do projeto apostólico» (Const. 44).

«Foi assaz notável a utilidade desse pequeno regulamento. Cada um sabia o que devia fazer, e como eu costumava deixar a cada um a responsabilidade do seu cargo, todos procuravam conhecer e cumprir a sua parte» (Memórias do Oratório, terceira década, n. 6).

A animação e coordenação da pastoral são organizadas a diversos níveis: local, provincial, interprovincial e mundial. Para elaborar o projeto pastoral com o qual medir a sua ação, a CEP deve escolher instrumentos adequados e definir os passos concretos a fim de não caminhar sem rumo; em vista disso, propomos um roteiro concreto para a elaboração do PEPS.

1.Uma pastoral juvenil orgânica e articulada

A ação pastoral é eclesial e vivida e atuada em comunhão: «o mandato apostólico que a Igreja nos confia é assumido e cumprido em primeiro lugar pelas comunidades provinciais e locais» (Const. 44). A Província é a primeira estrutura territorial em que a Congregação organiza e anima a vida de comunhão e a realização da missão num determinado território. A comunidade provincial é mediadora de união das comunidades locais entre si, com as demais Províncias, a comunidade mundial e a Igreja.

A ação pastoral de cada comunidade local começa a partir desta mediação e articulando-se com a vida e o projeto apostólico da Província (cf. Const. 157). A ação pastoral da comunidade local encontra os seus pontos de referência numa tríplice realidade: a vida e ação da Igreja local, a situação e as opções da Província e as condições dos jovens e das pessoas do território em que se encontra.

As orientações e opções pastorais que derivam da avaliação atenta das situações são instrumentos para responder com caridade ardente e inteligência pastoral aos desafios e expetativas dos jovens.

1.1.- Programação e atuação da pastoral juvenil

a) A nível de estruturas de governo e de animação provincial

Salvo o que é indicado pelas Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales sobre a organização das Províncias e as funções confiadas ao Provincial e seu Conselho (cf. Const. 161-169), cada Província é instituída de modo próprio para a missão num determinado território.

A crescente complexidade das situações em que as pessoas vivem e a pluralidade de ambientes em que nos é dado intervir faz com que tomemos consciência da necessidade de estar atentos ao chamamento específico de Deus na diversidade dos contextos. A comunidade provincial, com as comunidades, cada irmão e leigos, é chamada a confrontar-se com as situações dos jovens aos quais Deus nos envia. Ao acompanhá-los pastoral e educativamente, a reflexão e o discernimento levam-nos a individuar alguns desafios fulcrais; obrigam-nos a ter em vista algumas opções fundamentais e a focalizar a programação da nossa ação pastoral.

Como mais adiante veremos, as opções e orientações relativas à situação e ao desenvolvimento da Província são definidas e indicadas, primeiramente, no Projeto Orgânico Provincial (POP),ponto de referência constante para o governo e animação da Província. Outros instrumentos relativos, por exemplo, à vida e ação das pessoas envolvidas na ação pastoral são os referentes à formação dos salesianos ou dos leigos que colaboram na missão. As comunidades locais, na organização da sua vida e na realização da sua missão, devem ter presente o POP.

Para a atuação da pastoral, é fundamental a referência às opções da Província, articuladas no Projeto Educativo-Pastoral salesiano provincial (PEPSP ou PEPS provincial). Ele indica as grandes opções e orientações para a realização da pastoral juvenil em todas as obras da Província, independentemente do tipo de ambiente e setor de animação pastoral.

O Provincial com seu Conselho é o primeiro responsável pela animação e pelo governo pastoral da Província (cf. Const. 161). Cabe-lhe a função fundamental de governar a vida e a ação pastoral da Província definida no PEPS: orientar e indicar, segundo a situação, as finalidades que desejam alcançar, as prioridades a privilegiar, as estratégias a utilizar e os recursos disponíveis. O Conselho provincial é, portanto, um órgão de reflexão e decisão pastoral; no seu interior é confiada uma função mais direta ao Delegado de Pastoral Juvenil, enquanto animador e promotor direto das decisões e orientações provinciais.

As opções e orientações da Província são tomadas em vista da realização e organização de uma série de estruturas de animação e serviço que sustentam e acompanham a ação das comunidades locais. Essas estruturas de animação e serviço são referência e ponto de apoio para a ação pastoral ordinária das comunidades e obras locais, assim como para a sua contínua renovação. A reflexão pastoral constante é necessária em todos os ambientes e setores de animação pastoral.

b) A nível de comunidades e obras salesianas locais

A nível local, as comunidades e obras devem responder a dois grandes desafios: primeiramente, a crescente pluralidade de frentes e necessidades a que são chamadas a atender; depois, a complexidade dos processos que envolvem a mais cuidadosa e necessária atenção educativa e pastoral às pessoas. As duas situações podem provocar nas comunidades e obras uma tendência para a departamentalização e falta de organicidade. Diante destes perigos, pede-se às comunidades salesianas e aos membros das CEP locais uma mudança de mentalidade e de metodologia na ação pastoral.

Como a comunidade provincial, também a comunidade local é chamada a viver e agir com mentalidade clara de projeto; mentalidade que leva a identificar os campos prioritários de atenção e a fazer opções fundamentais que orientem a vida das pessoas e a efetivação da ação nos diversos ambientes e setores de animação da obra.

A atuação da pastoral encontra o seu principal ponto de referência no PEPS local. O PEPS indica as linhas para a realização da pastoral juvenil em todos os momentos de animação e setores da obra. O PEPS cuida da integralidade e articulação das quatro dimensões que configuram a proposta educativo-pastoral salesiana (v. capítulo VI). O diretor e seu conselho são os primeiros responsáveis pelo governo e animação pastoral da obra. Cabe-lhes a responsabilidade fundamental de coordenar e organizar a pastoral juvenil. Eles favorecem os processos de envolvimento das pessoas, definem as prioridades, indicam os recursos e ativam a reflexão.

É tarefa prioritária do diretor e seu conselho programar a reflexão e a prática pastoral. A coordenação da pastoral juvenil encontra no coordenador local o primeiro e direto animador, que promove a sua organicidade e articulação com as estruturas e a organização local.

1.2.- Uma modalidade especial de realização da ação apostólica: a animação pastoral

A característica da Pastoral Juvenil Salesiana é a animação, no sentido profundo do termo: “dar alma”. A animação salesiana não é, portanto, apenas ação técnica e funcional; é espiritual, apostólica, pedagógica, e tem a sua fonte na caridade pastoral. Animar é muito mais do que governar, gerir e organizar obras e ambientes. As capacidades e competências humanas necessárias para a tarefa funcional não são descuradas, antes são pressupostas. É importante, contudo, que além da eficiência das estruturas, a primazia seja da sensibilidade pastoral.

A animação é a forma de contemplar, pensar, sentir e agir que caraterizam quem assumiu uma particular responsabilidade de governo e quem, sem esse papel, se envolve na ação pastoral pelos jovens.

a) Caraterísticas da animação salesiana

Este modo caraterístico de atuar a pastoral foi-nos transmitido por Dom Bosco; refere-se ao estilo especial de presença no acompanhamento dos jovens e colaboradores praticado por ele ao viver a missão que lhe fora confiada por Deus. Esse estilo especial desenvolve-se e enriquece com a sua aplicação nos diversos contextos e âmbitos.

A animação da Pastoral Juvenil Salesiana implica antes de tudo o envolvimento das pessoas, das relações e dos processos. Por isso, supõe:

envolvimento do maior número de pessoas, salesianos em primeiro lugar, mas também de todos os que participam na ação educativa e pastoral.
motivação e aprofundamento da identificação em relação a valores, critérios e objetivos da proposta pastoral salesiana;
acompanhamento contínuo, para realizar ininterruptamente a unidade e organicidade do processo pastoral salesiano;
– promoção e atualização de processos que influenciem a vida e o crescimento dos jovens;
– unidade e comunhão num processo partilhado;
– atenção para favorecer a informação e a comunicação, a promoção da colaboração, da criatividade e da pertença;
– urgência da reflexão constante sobre a situação dos jovens e a práxis pastoral, e para que corresponda às suas expetativas.

b) Princípios e critérios para a animação dos processos e das estruturas

Articulação com os organismos de governo e coordenação provinciais

Para a promoção da estreita colaboração entre as diversas obras e serviços em função da unidade, é necessário:

  • garantir no POP a convergência e articulação das opções de animação e governo na Província;
  • manter clara a consciência da globalidade da ação pastoral salesiana no PEPS, nas suas quatros dimensões articuladas nos diversos ambientes da obra, reciprocamente integrados e complementares;
  • garantir a coordenação e colaboração entre os diversos setores da animação provincial (Formação, Família Salesiana, Economia, ambientes da Pastoral Juvenil e Comunicação Social), para garantir a unidade da ação pastoral segundo os objetivos do PEPS;
  • implementar a reflexão sistemática e o confronto entre a realidade e os objetivos fixados: processo contínuo de estudo, reflexão, opção, programação e avaliação;
  • apoiar a ação das comunidades religiosas salesianas e das CEP, mais do que organizar diretamente, para favorecer a ampla participação e corresponsabilidade (sentido de comunidade, trabalho em equipa, informação adequada e suficiente).


Envolvimento das comunidades, dos irmãos e das CEP


A finalidade da animação é suscitar e manter a corresponsabilidade constantemente ativa. Nas CEP, os irmãos, com os leigos, são envolvidos no estudo e elaboração dos critérios e decisões pastorais, como também na sua execução. Por isso, mais do que à realização de grande número de atividades, deve dar-se prioridade às orientações, às indicações e à informação que acompanham as comunidades e assumir a sua responsabilidade. São seus fatores estratégicos:
  • garantir a consistência quantitativa e qualitativa das comunidades locais (cf. CG24, n. 173-174);
  • acompanhar de perto e sistematicamente as comunidades e os responsáveis dos diversos setores pastorais, sobretudo os que se encontram em maior dificuldade na sua missão de animação;
  • cuidar da comunicação e do intercâmbio entre comunidades e agentes pastorais;
  • promover o sentido de pertença, a assimilação dos critérios e objetivos comuns, a colaboração e o enriquecimento mútuo;
  • acompanhar com particular cuidado os momentos de incidência especial na animação pastoral, como o processo de elaboração e revisão dos PEPS locais, a determinação dos papéis pastorais e das responsabilidades nas equipas de animação educativa e pastoral, a programação da formação dos agentes pastorais, etc.

Formação para a missão

A resposta ao chamamento de Deus para o serviço dos jovens comporta a adesão a processos de formação, a fim de reforçar a mentalidade e a atitude pastoral à luz do carisma salesiano. A formação pastoral requer o acompanhamento dos salesianos e leigos para o aprofundamento da sua vocação educativa e a atualização de sua capacidade operativa. Por isso, ao lado do estudo do modelo de Pastoral Juvenil Salesiana, apresentado no «Quadro de Referência» da Pastoral Juvenil Salesiana, é preciso oferecer processos de reflexão de apoio pastoral.

A complexa história dos nossos dias empenha, em itinerários formativos comuns, salesianos, leigos, jovens colaboradores e membros da Família Salesiana (cf. CG24, n. 138-146). Eis alguns espaços importantes:

  • a proposta formativa sistemática e consistente deve ser apoiada nas fases iniciais da formação dos Salesianos, mediante o estudo metódico e gradual do modelo de Pastoral Juvenil Salesiana e as práticas pastorais orientadas que ajudem os jovens irmãos a assumir a mentalidade de pastoral unitária e o estilo de animação e metodologia de projeto. É preciso garantir a iniciação gradual à Pastoral Juvenil Salesiana no terreno, com boas práticas e com o acompanhamento adequado. A formação deve ajudar a unir a reflexão à ação pastoral a fim de superar a improvisação, a superficialidade, o setorialismo e o genericismo;
  • os professores, animadores, formadores, assistentes sociais e catequistas recebam uma formação específica para a sua qualificação de educadores e pastores; seja planeada a preparação específica do pessoal para os vários ambientes da Pastoral Juvenil Salesiana (projeto provincial de formação do pessoal previsto no POP); cuide-se especialmente da área das ciências pastorais e educativas, com especialização teórica e prática;
  • dê-se atenção ao acompanhamento espiritual, necessidade cada vez mais sentida entre os jovens. Esta exigência pede-nos para garantir itinerários formativos que preparem salesianos e leigos colaboradores para serem pastores e educadores capazes de discernimento e orientadores;
  • os processos de formação permanente sejam reforçados,potenciando a qualidade cultural e pastoral de salesianos e leigos num renovado compromisso de cultura, estudo e profissionalismo; aprofundando a Espiritualidade Juvenil Salesiana para a viver e propor (CG24, n. 239-241, 257); qualificando os momentos de vida comunitária, no caminho quotidiano ordinário da formação permanente.

Fonte: A Pastoral Juvenil SalesianaQuadro de Referência

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