Grupos Juvenis

Outras obras e serviços nos diversos ambientes

Desenvolveram-se no mundo salesiano novas realidades e associações juvenis. São atividades educativas, serviços ou obras que respondem às novas urgências juvenis e oferecem respostas adequadas às exigências de educação e de educação à fé. Entre elas, encontram-se os programas de animação vocacional (projetos de Aspirantado, Comunidades Proposta, Centros de Acolhimento Vocacional), os serviços especializados de formação cristã e animação espiritual (casas de espiritualidade e retiros, centros de formação pastoral e catequética), as associações e os serviços de animação no campo dos tempos livres, como escolas de tempos livres e animação sociocultural, desporto, turismo, música e teatro, e outras formas de ação nos media através das quais a proposta salesiana se torna presente no tecido social, juntamente com a animação missionária, animadas pelos respectivos Dicastérios da Comunicação Social e das Missões.

As novas presenças são mais projetos do que estruturas, respondem e adaptam-se às novas necessidades e urgências com liberdade de ação e iniciativa. Utilizam a comunicação, o ambiente natural dos jovens, independente da estabilidade do ambiente físico. Nelas é relativamente mais fácil envolver os próprios jovens sabendo que o caminho a trilhar juntos está nas suas próprias mãos. São, portanto, expressão de uma forma nova de presença no mundo juvenil e instrumento eficaz de resposta às novas urgências educativas e evangelizadoras. Estes projetos dão oportunidade de uma ação pastoral em sinergia com os demais grupos da Família Salesiana.

Todavia, os novos espaços e formas educativas expõem-se a perigos que podem reduzir a sua eficácia educativa e evangelizadora: o individualismo na gestão, a identidade frágil e pouco definida, a provisoriedade de realizações e a precariedade de projetos que tornam difícil a continuidade dos processos educativos. Convém, portanto, ter em conta algumas condições e critérios de orientação que as harmonizam com as presenças tradicionais dentro do projeto da Província. Eis alguns deles:

abertura ao critério imprescindível de discernimento e renovação: toda a atividade e obra é «para os jovens casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que prepara para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e viverem com alegria» (Const. 40);
clareza da finalidade educativa e pastoral (cf. Const. 41);
realização comunitária: a CEP é sempre o sujeito da missão (cf. Const. 44);
integração no projeto provincial com uma permanente interação e colaboração entre as diversas obras e serviços educativo-pastorais da Província (cf. Const. 58).

a) Experiências ou serviços de animação e orientação vocacional

No esforço de buscar novos caminhos para a animação vocacional, surgiram e consolidaram-se experiências ou serviços de animação e orientação vocacional (Comunidades de Acolhimento, Comunidades Proposta, Centros de Orientação Vocacional). Oferecem aos jovens a oportunidade de uma experiência concreta da vida e missão salesiana e de a compartilhar por algum tempo, aprofundando sistematicamente a vocação com o acompanhamento adequado e imediato.

É importante que estas atividades garantam:

  • a presença de uma comunidade salesiana aberta e acolhedora, que dê testemunho vocacional significativo para os jovens;
  • a experiência de vida fraterna e de missão salesiana;
  • o acompanhamento sistemático do processo de amadurecimento vocacional de cada um;
  • a estreita relação e colaboração com as demais comunidades da Província e a responsabilidade da animação vocacional segundo o projeto provincial;
  • a colaboração com os centros de Pastoral Vocacional da Igreja local e dos demais Institutos religiosos.

b) Serviços especializados de formação cristã e animação espiritual

Surgiram na Congregação, nas últimas décadas, diversas iniciativas e serviços de formação cristã e educação à espiritualidade: experiências de retiro, escolas de oração, casas de espiritualidade, centros de formação pastoral e catequética. Estes serviços são uma nova forma de presença salesiana entre os jovens, sempre mais necessária e urgente.

Convém que as casas de espiritualidade e retiros, como também os centros de formação pastoral e catequética sejam configurados com estas dimensões:

  • garantir a presença de uma equipa de SDB e outros membros da Família Salesiana; organizar essas casas não simplesmente como lugar de hospitalidade, mas como comunidade ou equipa de pessoas que acolhem, acompanham e partilham com os jovens uma mesma experiência espiritual;
  • com um programa preciso de aprofundamento e de pedagogia espiritual, com diversas propostas e níveis segundo as necessidades dos diversos grupos dos destinatários; superando a simples oferta de iniciativas isoladas, para apresentar um itinerário preciso de iniciação e aprofundamento espiritual;
  • dar atenção especial à pedagogia da oração e da escuta da Palavra de Deus; oferecer experiências de participação nos Sacramentos segundo os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana; cuidar, sobretudo, do aspeto da iniciação e do acompanhamento, para ajudar os jovens a fazer uma verdadeira experiência, vivida pessoalmente;
  • oferecer aos jovens a possibilidade de um diálogo pessoal com algum salesiano ou animador durante o encontro, ou de acompanhamento sistemático;
  • desenvolver sempre o tema vocacional, ajudando os jovens a situarem a própria vida diante do Senhor e do seu projeto de salvação.

outros serviços pastorais propostos fora da presença salesiana, na Igreja local (como a atuação de SDB na pastoral vocacional diocesana ou em movimentos juvenis não salesianos), e também em lugares não salesianos (como a formação de educadores do território). Esses serviços pastorais são assumidos de acordo com o Provincial e em coerência com o PEPS da Província.

c) Serviços de animação dos Tempos Livres

As atividades de tempos livres – desporto, turismo, cultura, música, dança e teatro – são realidades associativas para muitos jovens que nelas procuram satisfazer os próprios interesses, e estão presentes em todas as nossas obras. Esta intervenção educativa é considerada hoje de grande valor social e de relevância preventiva. É um modo novo de recriar o ambiente oratoriano suscitado por Dom Bosco em Valdocco, onde o pátio foi para ele um lugar privilegiado da ação educativo-pastoral.

Há no mundo salesiano uma grande variedade de grupos e associações com iniciativas que realizam a proposta educativo-pastoral salesiana nesses ambientes com pluralidade de modos de ação, formas organizativas e número de participantes.

Podemos identificar em todos eles alguns elementos comuns que caraterizam a sua identidade: o grupo e a experiência associativa como opção educativa privilegiada e essencial para o amadurecimento humano integral; a presença ativa no território com uma oferta educativa livre de condicionamentos consumistas; a animação; a participação e o protagonismo dos próprios jovens.

«A Igreja aprecia muito e procura penetrar e elevar com o seu espírito também os restantes meios, para cultivar as almas e formar os homens, como são os meios de comunicação social, as múltiplas organizações culturais e desportivas, os agrupamentos juvenis e, sobretudo, as escolas» (Gravissimum Educationis 4; cf. Gaudium et Spes 61).

O desporto educativo salesiano

A promoção de atividades desportivas nas obras salesianas é uma realidade viva, realizada com diversas formas de regulamentação e organização. O desporto é reconhecido como um valor no sistema educativo salesiano, atividade para todas as idades e todos os contextos.

A leitura atenta do desporto educativo salesiano permite individualizar alguns de seus componentes que, em medida diversa e segundo múltiplas realizações, se revelam constantes e caraterizadores:

  • o desporto popular, distante do elitismo, ao qual cada um tem direito e possibilidade de acesso;
  • o desporto humanizante, que aumenta o potencial de desenvolvimento dos jovens; que privilegia, com a promoção do “jogo limpo”, a relação interpessoal e o respeito recíproco; que favorece o encontro entre o jovem e o adulto, mais espontâneo em relação a outros momentos educativos, como a sala de aula ou a oficina;
  • o desporto preventivo, promotor da criação de estilos saudáveis de vida e que acolhe preferivelmente as crianças e os jovens em situação de risco, pela idade, pela região onde vivem, pela situação familiar, pelo baixo rendimento escolar;
  • o desporto com dimensão lúdica, sem desprezar a competitividade na sua justa medida, move-se com espírito desportivo nas situações de sucesso ou insucesso e acolhe e convoca para os mesmos objetivos todos os membros do grupo, também os menos capazes;
  • o desporto integrado no amplo Projeto Educativo-Pastoral, que envolve uma equipa de pessoas com objetivos comuns; para isso ser possível, são essenciais a formação e o acompanhamento dos animadores desportivos;
  • o desporto estruturado e organizado, considerado no Projeto Educativo-Pastoral com os membros do ambiente educativo juvenil: animadores desportivos, colaboradores, pais.

As múltiplas formas da arte (música, canto, dança, teatro)

O oratório salesiano acolheu desde o início entre as suas finalidades e caraterísticas próprias, a música e o teatro, como valores postulados pelas exigências de manifestação dos jovens. Como Dom Bosco, também hoje as obras salesianas mantêm esta atividade, propondo o teatro e a música como artes acessíveis aos jovens e meios de comunicação de mensagens positivas.

Reconhecendo seu grande valor educativo, as obras salesianas promovem estas atividades tendo em consideração estes aspetos:

  • têm a possibilidade própria e única de se aproximar da realidade e de a interpretar utilizando linguagens e símbolos estéticos; revelam ideias, sentimentos e emoções, e evidenciam aspetos fundamentais da experiência humana que dificilmente poderiam ser compreendidos através de outras formas;
  • são um contributo único para o desenvolvimento das capacidades intelectuais, criativas e expressivas, ajudando os jovens à concentração, disciplina e constância;
  • oferecem um espaço privilegiado às relações interpessoais: através das suas várias manifestações, geram espaços de socialização e colaboração, e são… divertidas;
  • são um meio privilegiado de evangelização, anúncio e comunicação da Boa Nova; música e arte favorecem o cuidado do espaço celebrativo e o seu caráter festivo;
  • têm um valor estético e ético: levam o expetador à contemplação, admiração, capacidade crítica e flexibilidade de julgamento. Por isso, a pedagogia salesiana está sempre atenta a estas iniciativas, bem consciente de que só é possível chegar a muitos ambientes através de atividades “não formais”.

Fonte: A Pastoral Juvenil SalesianaQuadro de Referência

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