Esscolas e CFP

2.2.- A escola e o Centro de Formação Profissional salesiano

2.2.1.- A originalidade da escola e do Centro de Formação Profissional salesiano

A formação profissional e a escola salesiana surgiram em Valdocco para responder às necessidades concretas da juventude e inserem-se num projeto global de educação e evangelização dos jovens, sobretudo os mais necessitados. Animado pelo desejo de garantir dignidade e futuro aos seus jovens, Dom Bosco deu vida às oficinas de artes e ofícios, ajudando ao mesmo tempo os jovens na busca de trabalho e providenciando contratos para eles, impedindo que fossem explorados.Este serviço e esta preparação serão enriquecidos com a vocação e a presença do Salesiano Coadjutor.

Foi esta a matriz dos atuais CFP (Centros de Formação Pré-profissional) que procuram promover a formação humana, cristã e profissional dos jovens. A proposta responde a predisposições, competências e perspetivas de muitos deles que, ao terminar a formação de base, aspiram a inserir-se no mundo do trabalho. A formação profissional é um instrumento para o amadurecimento humano integral e para a prevenção da insatisfação juvenil, além da animação cristã das realidades sociais e do desenvolvimento do mundo empresarial.

Sempre atento às necessidades juvenis, Dom Bosco alargou a sua ação promovendo a criação das escolas salesianas. Ele intuía que a escola é instrumento indispensável para a educação, lugar de encontro entre a cultura e a fé. Consideramos a escola como uma mediação cultural privilegiada de educação; uma instituição determinante na formação da personalidade, porque transmite uma conceção do mundo, do homem e da história (cf. A escola católica, n. 8). O ambiente “escola” desenvolveu-se muito na Congregação como resposta às exigências dos próprios jovens, da sociedade e da Igreja. Tornou-se um movimento de educadores solidamente comprovado no âmbito escolar.

«Foi Dom Bosco que enviou os seus filhos às Universidades do Estado, confiando-lhes em seguida o ensino até de matérias profanas. Dom Bosco tinha ideias muito claras sobre a unidade do homem e, consequentemente, sobre a necessidade de uma ação educativa integral. Sabia, na verdade, que uma ação pastoral forma ao mesmo tempo “honestos cidadãos” e “bons cristãos”. Neste sentido, ele via na escola um momento formativo providencial» (CG20, n. 234).

Há também os Centros de Formação Pré-profissional com formulação e atuação especiais de propostas diversificadas: itinerários de orientação, instrução e formação, atualização, requalificação, inserção e reinserção social e no ambiente de trabalho, promoção do empreendedorismo social. Contribuem para o sucesso pessoal de cada um e visam uma ampla tipologia de destinatários: jovens da escolaridade obrigatória; jovens e adultos em busca de trabalho; jovens em dificuldade ou em situação de abandono escolar; migrantes ou aprendizes. Estes itinerários preveem uma proposta intensamente individualizada para retornar ao sistema escolar e formativo ou para se ser iniciado no mundo do trabalho. A formação pré-profissional compreende, de facto, uma série de intervenções adequadas para tornar o sujeito consciente do atual contexto de trabalho e preparado para enfrentar do melhor modo as fases de acesso à profissão.

Algumas Províncias oferecem serviço de internato para jovens que frequentam as escolas/CFP. Os internatos são dotados de uma estrutura residencial que permite a permanência do aluno durante todo o dia, também no período noturno. É um ambiente adequado ao estudo em clima de convivência serena. Os jovens são constantemente acompanhados por uma equipa de educadores. A figura do educador assume grande importância nosinternatos, assistindo e aconselhando os alunos nas horas de estudo e no recreio; senta-se à mesa com eles e acompanha-os durante todo o dia. Nalguns casos, cuida da sua formação humana e cultural, que serve de apoio ao estudo diário. O dia do interno articula-se entre o tempo de escola, o tempo de estudo e o tempo de recreio, de desporto e de atividade espiritual.

2.2.2.- A Comunidade Educativo-Pastoral da escola /CFP salesiano

a) A importância da CEP da escola/CFP salesiano

Nas décadas de fins do século XX e inícios do século XXI procurou-se passar do modelo educativo institucional ao modelo educativo comunitário, da atitude de delegação educativa a algumas pessoas especialmente consagradas a isso (religiosos, professores), ao esforço de participação ativa de todos os envolvidos no facto educativo. A CEP é o novo sujeito da responsabilidade educativa e do ambiente educativo. Nas escolas e nos CFP salesianos a convergência das intenções e convicções de todos os membros da CEP encontra a sua correspondência na realização do PEPS.

Reconhecemos o valor fundamental da formação profissional e da escola como âmbitos nos quais o Evangelho ilumina a cultura e se deixa interrogar por ela; cria-se assim uma integração eficaz entre o processo educativo e o processo de evangelização. Esta integração constitui uma alternativa educativa importante no atual pluralismo cultural, ético e religioso da sociedade. A atual realidade sociopolítica e cultural, as novas orientações de renovação escolar nos diversos Estados e a própria realidade interna das escolas, apresentam desafios novos e dificuldades complexas. É preciso concretizar os critérios e as estratégias que, enfrentando esta complexidade, orientem a realização do PEPS.

b) Os sujeitos da CEP da escola/CFP salesiano

Os alunos são os protagonistas primários do itinerário formativo; participam de modo criativo na elaboração e atuação desse itinerário nas suas várias fases; crescem na capacidade relacional mediante o exercício de participação escolar e formativa. Respondendo à exigência explícita por parte dos jovens de receber uma séria preparação cultural e profissional, a escola/CFP promove neles a demanda implícita do sentido da vida. A escola/CFP dá início a itinerários, atividades e iniciativas que respondem essencialmente a esta preocupação.

Segundo a expressão de Dom Bosco, os educadores criam com os jovens uma “família”, uma comunidade juvenil em que os interesses e experiências dos jovens são postos como fundamento de todo o arco educativo. Os educadores não só ensinam, mas “assistem”, trabalham, estudam e rezam com os alunos. São pessoas disponíveis para estar com os jovens, capazes de assumir os seus problemas. «Mestres na cátedra e irmãos no pátio» (Dom Bosco).

Entre os educadores, assinalamos o pessoal docente/formador, salesianos e leigos, inseridos plenamente no trabalho educativo-pastoral, segundo o projeto salesiano e a própria competência profissional:

  • A escolha dos leigos resulta de uma decisão atenta e ponderada, que exige equilíbrio, seriedade e teor de vida coerente; leigos que assumem com alegria o trabalho educativo, abertos aos interesses pedagógicos próprios da escola ou dos CFP salesianos. Têm competência profissional, disponibilidade para a atualização sistemática e participam ativamente nos encontros de programação e revisão. O seu profissionalismo educativo valoriza a relação interpessoal e carateriza-se por uma fundamental dimensão ética, entendida como testemunho pessoal, que favorece a interiorização dos valores pelos alunos. Os docentes e formadores leigos oferecem a própria experiência de vida laical, exprimem-na cultural e profissionalmente em opções de vida, conhecimentos e atividades operacionais, também nas várias iniciativas paraescolares e formativas, e fora delas.
  • Por sua vez, os docentes e formadores religiosos testemunham a sua própria experiência de pessoas consagradas, estimulam a busca de novos modos de fazer cultura e formação segundo a visão cristã da vida, do homem e da história.

O pessoal auxiliar e administrativo contribui para a ação educativa de modo particular através do cuidado do ambiente, do estilo relacional e do bom funcionamento logístico e organizativo.

Aos pais, como responsáveis diretos pelo crescimento dos filhos, compete de modo especial o diálogo com os educadores e formadores; participam pessoalmente, através dos órgãos colegiais, na vida da escola e do CFP nos seus momentos de programação, de revisão educativa e de ação nas atividades de tempos livres.

O Sistema Preventivo de Dom Bosco inspira-se na família e é praticado em relações familiares. É posto em prática nas nossas escolas e nos nossos centros de formação profissional, sendo proposto aos pais como modelo de relação e crescimento no diálogo educativo com os filhos.

2.2.3.- A proposta educativo-pastoral da escola e do CFP salesiano

As escolas e os CFP salesianos são duas estruturas de formação sistemática com caraterísticas próprias, mas sempre em profunda relação. Não há verdadeira escola salesiana que não prepare para o trabalho, nem há verdadeiro CFP salesiano que não leve em conta a elaboração sistemática da cultura. O educador tem a tarefa e a arte de pensar no conteúdo do seu ensino do ponto de vista do desenvolvimento educativo integral dos jovens, ao serviço do seu crescimento pessoal.

É oportuno recordar sinteticamente alguns traços essenciais da práxis educativo-pastoral que faz da Escola e do CFP salesianos um meio privilegiado de formação, elemento válido de promoção popular e ambiente de evangelização de particular eficácia:

a) A inspiração nos valores evangélicos e a proposta de fé

Sublinha-se a atual urgência da ação evangelizadora nas nossas instituições educacionais. Inserimo-nos no panorama dos CFP e das escolas católicas com o património pedagógico herdado de São João Bosco e desenvolvido pela tradição posterior (cf. CG21, n. 130).

É preciso que a instituição educativa ofereça uma proposta educativo-pastoral, permanecendo aberta aos valores compartilhados nos contextos, promova a abertura e o aprofundamento da experiência religiosa e transcendente e repense a “mensagem evangélica” aceitando o confronto vital com o mundo das linguagens e os questionamentos da cultura. Por isso:

organiza a atividade à luz da conceção cristã da realidade, de que Cristo é o centro (cf. A escola católica, n. 33);
orienta os conteúdos culturais e a metodologia educativa segundo uma visão da humanidade, do mundo, da história inspirados no Evangelho (cf. A escola católica, n. 34);
promove a partilha dos valores educativo-pastorais expressos principalmente no PEPS (cf. A escola católica, n. 66);
favorece a identidade católica através do testemunho dos educadores e a constituição de uma comunidade de crentes animadora do processo de evangelização (cf. A escola católica, n. 53).

b) A educação eficiente e qualificada

Entre os muitos modos pelos quais se pode realizar a evangelização, nós salesianos privilegiamos aqueles nos quais a preocupação educativa é mais respeitada e as exigências de um correto processo educativo são mais bem garantidas. Em sentido amplo, a educação é uma intervenção “projetada” (com finalidades precisas, papéis definidos, experiências adequadas) e em sinergia de esforços (CEP). Nesta ótica, as escolas e os CFP salesianos oferecem uma proposta educativo-cultural de qualidade, na qual:

  • as dinâmicas de ensino e aprendizagem estão inseridas numa sólida base educativa;
  • se cultiva a atenção contínua e crítica aos fenómenos da cultura, do mundo do trabalho e da comunicação social;
  • se oferece a abordagem pedagógico-metodológica de processos, que favoreça nos jovens a descoberta do seu projeto de vida;
  • se amadurece a visão humana e evangélica do trabalho, entendido não unicamente como tarefa a realizar na organização social, mas como modalidade privilegiada de comunicação, expressão de si, autorrealização, relações interpessoais e sociais sempre novas, contributo da pessoa para melhorar do mundo em que vive e age;
  • se garante a atualização contínua da qualificação profissional e da identidade salesiana de todos os membros da CEP com processos sistemáticos de formação permanente;
  • se favorece uma adequada pedagogia e uma adequada programação da ação educativa visando a estreita relação dos objetivos educativos, didáticos e pastorais.

É obrigatório garantir a formação para o profissionalismo, a fim de o jovem ser envolvido num processo de educação completa em que, além das competências relativas ao trabalho, aprende os direitos e deveres de cidadania ativa; experimenta comportamentos sociais marcados pela colaboração, pela responsabilidade individual e pela solidariedade; aumenta os próprios conhecimentos culturais; estrutura a sua identidade de modo adequado para se integrar no tecido social e civil.

c) A pedagogia salesiana

A escola e os CFP salesianos atingem sua finalidade com o método e o estilo educativo de Dom Bosco (CG21, n. 131). A vivência dos seguintes aspetos oferece a configuração típica dos nossos centros educativos:

  • animar, orientar e coordenar de modo oratoriano, fazendo da instituição uma família em que os jovens tem «a própria casa» (Const. 40);
  • sublinhar a personalização das relações educativas, fundadas na confiança, no diálogo e na presença-assistência dos educadores entre os jovens;
  • assumir a integralidade da vida dos jovens, tornando os educadores participantes nos interesses juvenis e promovendo as atividades de tempo livre como o teatro, o desporto, a música, a arte;
  • preparar para enfrentar responsavelmente a cidadania ativa na vida familiar, na sociedade civil e na comunidade eclesial

d) A função social e a atenção aos mais carenciados

«A escola salesiana seja popular pela localização, pela cultura e pelos rumos que privilegia, e pelos jovens que acolhe”. Organize serviços úteis à população da região, como cursos de qualificação profissional e cultural, de alfabetização e recuperação, fundos para bolsas de estudo e outras iniciativas» (Reg. 14)

Os itinerários escolares são abertos à pluralidade de experiências e podem ser coordenados pela escola e pelo CFP comunicando-se também fora deles. Os educadores acompanham a inserção dos jovens na realidade, em colaboração com entidades e agências educativo-formativas. A inserção plena dos jovens na vida local e a sua aceitação de responsabilidades representam uma meta do itinerário de educação integral na escola e no CFP salesianos. As nossas escolas e CFP propõem-se a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e digna do homem. Por isso:

  • procuram localizar-se em regiões mais populares dando preferência aos jovens mais carenciados;
  • denunciam toda a situação discriminatória ou ocorrência de exclusão;
  • privilegiam o critério do acompanhamento de todos, em vez do critério da seleção dos melhores;
  • promovem a formação social sistemática dos seus membros;
  • privilegiam a inserção justa dos jovens no mundo do trabalho e o seu acompanhamento educativo, mantendo contacto sistemático com o mundo empresarial;
  • tornam-se centros de animação e de serviços culturais e educativos para a melhoria do ambiente, privilegiando os currículos, especializações e programas que respondam às necessidades dos jovens da região (cf. CG21, n. 129, 131);
  • praticam a proximidade e a solidariedade, com a disponibilidade das pessoas e dos locais, a oferta de serviços de promoção abertos a todos, a colaboração com outras instituições educativas e sociais;
  • promovem a presença significativa no mundo dos ex-alunos para se inserirem de modo ativo e propositivo no diálogo cultural, educativo e profissional em ação no território e na Igreja local

2.2.4.- A animação pastoral orgânica da escola e do CFP salesiano

a) Principais intervenções da proposta

[1] Na tradição salesiana as pessoas, o tempo, o espaço, as relações, o ensino, o estudo, o trabalho e toda atividade interagem organicamente num ambiente de serenidade, alegria e trabalho: é o ambiente educativo.

É preciso qualificar as relações educativas fundadas na racionalidade das exigências, na valorização da vida quotidiana e no acompanhamento educativo. Além da atenção aos deveres de estudo e de trabalho, é pedagogicamente importante, como expressão de pertença, o respeito e o cuidado com os instrumentos, equipamentos e locais nos quais se realiza a vida escolar e profissional.

O pátio é o espaço e a modalidade indispensáveis na experiência da escola e do CFP salesianos. Não é apenas lugar físico, no qual se realizam atividades e iniciativas, mas configura-se como tempo de construção das relações pessoais a partir da animação, da diversão, do desporto. A escola e o CFP salesianos são chamados a salvaguardar, também no futuro, os tempos e os espaços destinados ao encontro dos alunos. A CEP garante a assistência dos jovens segundo o espírito de Dom Bosco.

[2] Os conteúdos sistemáticos das diversas disciplinas são oferecidos como conhecimentos a adquirir, verdades a descobrir, técnicas a dominar, respostas aos questionamentos, valores a assimilar. Para isso, contribui a clareza dos conhecimentos, a organização pedagógica e, sobretudo, a conceção cultural fundamental que se apresenta.

Isto leva, por um lado, a dar relevo à forma de experiência humana subjacente às diversas disciplinas, ajudando os jovens a perceber, valorizar e assimilar os valores naturais inerentes aos factos apresentados e aprofundados; e, por outro, a fazer com que o interesse se abra à cultura universal, em contacto com as expressões dos diversos povos e o património de valores compartilhados pela humanidade.

É absolutamente necessário evitar o perigo que um desvio científico-tecnológico coloque em segundo plano, ou até marginalize a referência aos valores fundamentais que estão na base dos “conhecimentos”. A educação para os valores, para os ideais e para a investigação está entre os aspetos educativos que formam a estrutura da ação de educação integral.

O problema central da escola é a sua organização cultural, a sua reflexão integral sobre o homem. Na vida quotidiana da aula ou da oficina, oferece-se uma visão antropológica integral inspirada no humanismo cristão.

Nas diversas áreas disciplinares, os docentes introduzem os alunos no encontro vivo e vital com o património cultural e profissional em diálogo com o humanismo cristão. Nesta perspetiva, dê-se atenção especial à escolha dos livros de texto e dos demais materiais didáticos.

Os educadores da escola e do CFP salesianos implementam itinerários formativos ricos do contributo do humanismo cristão e salesiano com temas centrais para o desenvolvimento integral dos jovens: formação da consciência, educação da afetividade e educação sociopolítica e, especificamente, formação religiosa. Acreditamos que a dimensão religiosa deve estar presente no quadro dos “conhecimentos” que constituem a base da formação das crianças e dos jovens.

De facto, o ensino da Religião Católica, considerado como elemento fundamental da ação educativa, entra nos programas escolares de muitas nações. Com o conhecimento da problemática inerente à formação cristã dos jovens, ativam-se processos periódicos de programação e revisão para qualificar o ensino da religião como momento importante de formação cultural. O ensino escolar da religião deve propor como objeto de estudo o que para os crentes é objeto de fé. A sua finalidade é formar a capacidade habitual de entendimento da religião, isto é, dos factos que ritmam a história religiosa do homem. Como de todos os factos culturais, também dos factos religiosos a escola propõe um conhecimento sistemático e crítico nas formas do discurso educativo, com a finalidade de educar para o conhecimento da vida religiosa da humanidade. É um ensino que ajuda os jovens a descobrir a dimensão religiosa da realidade humana e buscar o sentido último da vida; oferece uma orientação para a escolha consciente e livre de uma vivência empenhativa e coerente; propõe a visão positiva e aberta da doutrina cristã que dispõe ao anúncio explícito; promove o diálogo crítico e positivo com as demais áreas do conhecimento e com as outras religiões; desperta o desejo de uma progressiva educação à fé na comunidade cristã.

[3] Optamos, como método didático-educativo, pela personalização das propostas e pela colaboração recíproca. Portanto, uma didática ativa, que desenvolva nos alunos a capacidade de descoberta e faça amadurecer hábitos de criatividade e crescimento cultural autónomo; a interdisciplinaridade, na qual as diversas ciências oferecem contributos complementares; a avaliação do processo de crescimento dos alunos na capacidade de aprender e investigar, e não só dos resultados finais.

[4] A educação integral requer que se complete o programa escolar-profissional com outras atividades complementares, integrativas, de apoio e propostas livres. A escola e o CFP salesianos dão amplo espaço às atividades de tempos livres e de distensão (artísticas, recreativas, desportivas, culturais), tendendo a ser escola abrangente.

A escola e o CFP salesianos dão espaço, favorecem e acompanham os diversos grupos (de estudo-pesquisa, culturais, recreativos, artísticos, de serviço comunitário, voluntariado, crescimento cristão, orientação vocacional, compromisso cristão), reconhecendo neles uma mediação privilegiada de educação e evangelização. Nalgumas escolas e nalguns CFP são colocados à disposição dos jovens espaços de acolhimento informal, salas para encontros, salas de música, etc. Na programação anual devem ser previstos os tempos específicos de participação nestas atividades.

Sendo próprio da tradição salesiana, cuide-se do reencontro com os jovens que frequentaram a nossa escola ou CFP, os ex-alunos, buscando as modalidades mais oportunas para o seu envolvimento pessoal e associativo.

Uma das colunas que regem a identidade da escola e do CFP salesianos é a programação clara e orgânica de intervenções explicitamente evangelizadoras. A proposta educativo-pastoral é traduzida em experiências e atividades caras à tradição salesiana:

  • breves encontros diários preparados para todos ou para grupos (“Bons-dias”, palavra de acolhimento) inspirados na “Boa-noite” praticada por Dom Bosco na sua experiência de vida com os rapazes de Valdocco. O “Bom-dia” qualifica-se como um tempo de oração e leitura sapiencial da vida em vista da aceitação progressiva de um juízo cristão sobre os eventos;
  • durante o ano escolar-formativo, é oferecida a possibilidade aos alunos e aos docentes da escola e do CFP salesianos viver experiências de caráter formativo-espiritual. Realizados preferivelmente nos tempos fortes do ano litúrgico, são momentos favoráveis para o crescimento na fé e a revisão da própria vida à luz da mensagem cristã;
  • fiéis ao que Dom Bosco viveu com os jovens acolhidos em Valdocco, a escola e o CFP proponham momentos explícitos de oração e celebração. Os alunos pertencentes a outras confissões cristãs ou outras religiões também podem participar nesses momentos como ocasiões de integração cultural e conhecimento da tradição religiosa da nação em que vivem. A Eucaristia e as celebrações de memórias, tempos litúrgicos ou devoções locais, fazem parte integrante da proposta educativo-pastoral. Devem ser bem preparados especialmente os momentos de celebração da Reconciliação segundo uma oportuna inserção no calendário, prevista na programação das atividades formativas anuais;
  • durante o ano escolar-formativo prevejam-se tempos de socialização e festa como ocasiões de conhecimento e educação à corresponsabilidade e pertença. Envolvam-se ativamente na organização e realização de algumas dessas iniciativas as famílias e os diversos componentes da CEP. Relevo especial seja dado à celebração das festas salesianas, momentos de crescimento do espírito de família e de gratidão.

[5] Os jovens que frequentam a escola e o CFP salesianos são muitas vezes atraídos pelo ambiente familiar que encontram. É importante, na animação da CEP, que os educadores estejam cada vez mais disponíveis para o encontro pessoal com os alunos. Levando em conta as diversas fases da idade evolutiva dos alunos, os educadores ofereçamem todos os setores espaços e tempos adequados para o encontro pessoal com os alunos, em vista de uma revisão do caminho feito e de propostas a apresentar.

Os educadores estejam disponíveis para o colóquio pessoal; haja, contudo, alguns que se dediquem a este serviço com especial cuidado. O serviço de orientação psicológica tem nisto um papel importante.

[6] A formação e a atualização dos professores são grandes oportunidades para toda a instituição educativa e para aqueles que nela trabalham. É necessária a formação e atualização dos nossos docentes não só no aspeto metodológico e disciplinar que qualifique o profissionalismo na escola salesiana, segundo um projeto formativo que unifica fé, ciência e vida. Por isso, o itinerário formativo dos professores deveria preocupar-se com o seu profissionalismo pedagogicamente eficaz, o seu estilo educativo salesiano qualificado, a sua espiritualidade cristãmente vivida, a sua personalidade humanamente rica e acolhedora. Espera-se nesta formação uma atenção maior à pastoral educativa nas dinâmicas específicas da escola.

Programem-se periodicamente iniciativas locais ou provinciais que respondam ao projeto provincial de formação dos professores e formadores, com especial atenção à formação dos novos professores admitidos. Os cursos, as jornadas de reflexão e formação, em que os professores e formadores da escola e do CFP salesianos são chamados a participar, envolvê-los-ão num itinerário que prevê o conhecimento de Dom Bosco e do Sistema Preventivo. Sejam também compartilhados os aspetos inerentes à metodologia e a didática praticada na tradição salesiana.

[7] Todos os elementos e intervenções indicados que formam o PEPS da escola e do CFP devem ser inseridos no Projeto Educativo, mais amplo e global, segundo as disposições legais emanadas pelos Governos. A planificação pastoral do PEPS exprime e define a identidade da escola, explicitando os valores evangélicos em que ela se inspira, traduzindo-os em termos operativos precisos. O PEPS é o critério inspirador e unificador de todas as opções e de todas as intervenções (programação escolar, escolha dos professores e dos livros de texto, planos didáticos, critérios e métodos de avaliação). Carateriza a intencionalidade pastoral que anima a CEP, decisiva em todos os elementos e intervenções da escola e da CFP.

Como instituições educativas, os nossos centros salesianos inserem-se num contexto histórico e normativo preciso, definido pelas leis nacionais que traçam o seu sistema organizativo e didático, reconhecendo e aprovando ordinariamente a nossa proposta de escola ou CFP, os nossos princípios e valores que os caracterizam. O PEPS é a nossa “carta de identidade”. Aqui são apresentados: o carisma que inspira a nossa oferta educativa (as motivações originárias devem continuar a iluminar hoje a nossa obra); o conceito de educação integral; o modelo de comunidade educativa, a CEP; os valores de referência; o método educativo e as opções preferenciais do momento.

A identidade da “nossa escola salesiana” descrita no PEPS local será, portanto, uma proposta educativa comum para todos os alunos da escola e de cada classe. O PEPS, que na planificação pastoral define intervenções explicitamente evangelizadoras, é plenamente coerente com a cultura do currículo didático (opções educativas e didáticas gerais), com a planificação mais ampla, que apresenta também propostas extracurriculares e organizativas, e com a planificação administrativa (itinerários formativos, atividades, iniciativas educativas, organização e gestão de estruturas, pessoas e recursos da escola). A ação pastoral, não isolada, permeia toda a obra educativa.

b) As estruturas de participação e corresponsabilidade

Animação local

As estruturas de participação e corresponsabilidade visam criar as condições ideais para uma cada vez maior comunhão, participação e colaboração entre os diversos componentes da CEP. A sua finalidade é a implementação do Projeto Educativo-Pastoral e o crescimento da colaboração entre docentes, formadores, alunos e pais. Estas estruturas variam segundo os países e as diversas legislações escolares. Por isso, cada Província deve definir as modalidades oportunas e concretas de organização, funcionamento interno e responsabilidades das escolas e CFP, tendo em conta os seguintes elementos:

  • em primeiro lugar, o Conselho da CEP da Escola ou CFP, conforme as orientações de cada Província, é o órgão que anima e orienta toda a ação salesiana com a reflexão, o diálogo, a programação e a revisão da ação educativo-pastoral (CG24, n. 160-161, 171;
  • depois, cabe à assembleia de professores/assembleia de formadores a programação das orientações educativas e didático-formativas nos momentos de proposta, discussão, decisão e revisão coerentes com o Projeto Educativo-Pastoral. Toda a escola ou CFP também garante a estruturação da assembleia de professores/assembleia de formadores em comissões (ou equipas ou grupos de trabalho) e departamentos (ou áreas disciplinares) em vista do projeto, da programação e atuação das iniciativas educativas;
  • Por fim, a Equipa de Pastoral, dirigida pelo coordenador de pastoral, anima a ação evangelizadora cuidando da sua profunda integração no processo didático e educativo. Os critérios de composição desta equipa são definidos localmente. Nela devem participar alguns alunos.

Animação provincial/nacional

As estruturas são de nível provincial, nacional e internacional. Podem ser entidades com personalidade jurídica civilmente reconhecida. Esta rede de colaboração a níveis diversos constitui uma presença ativa no sistema escolar e de formação profissional, interagindo com o sistema produtivo, com as entidades públicas e privadas para o desenvolvimento da formação profissional, com as forças sociais e sindicais, como também com outros organismos nacionais e internacionais interessados nos processos formativos e nas políticas ativas do trabalho.

Fonte: A Pastoral Juvenil SalesianaQuadro de Referência

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