A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
2.4.1.- A originalidade da paróquia e dos santuários confiados aos salesianos
O zelo apostólico de Dom Bosco pelos jovens mais pobres de Turim levou-o a criar uma paróquia para os jovens sem paróquia. Ele mesmo aceitou no seu tempo sete paróquias. Em 1887, escreveu um regulamento sobre o funcionamento correto de uma paróquia. Tocou as temáticas que mais o preocupavam: atenção prioritária aos jovens, sobretudo os mais pobres, e identidade do religioso salesiano pároco que ali presta serviço em comunhão com o Bispo e o clero diocesano:
«Os doentes, os pobres e os jovens sejam objeto de solicitude especial (dos párocos)» (Deliberações do Quarto Capítulo Geral, de 1886)
Muitos anos depois, o CG19 afirmou que a paróquia é lugar para «o cuidado exemplar da comunidade juvenil» (CG19, IX, n. 3), e o CG20 afirma que «nós encontramos no ministério paroquial vastas possibilidades e condições favoráveis para realizar as finalidades próprias da nossa missão e, em particular, para a educação dos jovens da classe popular ou pobre» (CG20, n. 401). O CG21 considera a paróquia como uma obra que nos permite estar entre os jovens para os evangelizar e nela podemos evangelizar segundo o estilo do PEPS (cf. CG21, n. 135). O Capítulo confirma a prioridade da pastoral juvenil e define as caraterísticas da paróquia salesiana (cf. CG21, n. 136-141).
Em 1984, com a aprovação definitiva das renovadas Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco de Sales, a paróquia é explicitamente reconhecida como um dos ambientes nos quais realizamos a nossa missão: «Realizamos a nossa missão também nas paróquias, como resposta às necessidades pastorais das Igrejas particulares nas regiões que oferecem conveniente campo de serviço à juventude e às classes populares» (cf. Const. 42; Reg. 25).
A opção pelos jovens na paróquia confiada aos salesianos não é exclusiva ou discriminatória, mas preferencial. Esta opção preferencial é um dom precioso para a missão em toda a comunidade eclesial.
2.4.2.- A CEP das paróquias e dos santuários confiados aos salesianos
a)A importância da CEP da paróquia e do santuário confiados aos salesianos
A paróquia é a primeira instância comunitária em que a Igreja realiza a missão que lhe foi confiada por Jesus num contexto sociocultural bem definido. Ela é uma grande comunidade de crentes batizados, “porção” da Igreja universal, no dinamismo da pastoral diocesana. A comunidade cristã é o lugar histórico em que se vive a comunhão; nela, o crente encontra sua casa.
«A paróquia é, sem dúvida, o lugar mais significativo, no qual se forma e se manifesta a comunidade cristã. Esta é chamada a ser uma casa de família, fraterna e acolhedora, onde os cristãos se tornam conscientes de ser Povo de Deus. A paróquia, de facto, congrega num todo as diversas diferenças humanas nela existentes, inserindo-as na universalidade da Igreja. (316) Ela é, por outro lado, o ambiente habitual em que se nasce e se cresce na fé. Constitui, por isso, um espaço comunitário muito adequado a fim de que o ministério da Palavra nela realizado nesta, simultaneamente, ensinamento, educação e experiência vital»(Diretório Geral para a Catequese, 257)
Sendo comunidade de comunidades, a paróquia cria um tecido amplo de relações humanas que favorece a comunhão e a fraternidade – a «espiritualidade de comunhão» (Novo Millennio Ineunte 43-45).
b) Os sujeitos da CEP da paróquia e do santuário confiados aos salesianos
A CEP da paróquia confiada aos salesianos assume uma missão comum que envolve o maior número possível de pessoas na corresponsabilidade (cf. CG24, 18) em torno de um projeto pastoral. Trata-se de uma comunidade crente que, promovendo a pertença a um ambiente de família, acolhe a participação consciente, clara e corresponsável das várias vocações, dos vários carismas e ministérios, reciprocamente complementares na diversidade.
«Quando os salesianos são convidados pelo Bispo a tomar a responsabilidade pastoral de uma região ou de um setor do povo de Deus, assumem perante a Igreja o nobre compromisso de construir – em plena corresponsabilidade com os leigos – uma comunidade de irmãos, reunidos na caridade, para ouvir a Palavra, celebrar a Ceia do Senhor e anunciar a mensagem de salvação» (CG20, n. 416).
A paróquia é confiada à comunidade religiosa salesiana. Ela assume as orientações pastorais da diocese com a riqueza do próprio carisma pastoral; cria em torno do pároco uma equipa de animadores para a pastoral paroquial; promove o desenvolvimento e a realização do PEPS na paróquia; é responsável, em colaboração com o pároco e sua equipa, pela formação e animação espiritual dos fiéis; orienta os membros da Família Salesiana para serem os primeiros colaboradores na realização do projeto.
A comunidade religiosa (cf. CG21, 138; Reg. 26) participa no núcleo animador da paróquia salesiana e nela assume um papel caraterístico (cf. CG24, n. 159); é testemunha da primazia de Deus, manifesta visivelmente a sua vida fraterna e a prática dos conselhos evangélicos com seus momentos de oração, encontro, distensão, e partilha esse testemunho com os leigos da comunidade paroquial. Manifesta o seu acordo no projeto que reconhece as diversas competências dos irmãos. Participa na vida da paróquia, interessando-se pela história das pessoas, principalmente dos jovens.
«A paróquia salesiana tem a comunidade religiosa como responsável e animadora» (CG21, n. 138)
O diretor da comunidade salesiana tem responsabilidade especial na paróquia, enquanto guia espiritual da comunidade religiosa e primeiro responsável pelas atividades apostólicas da comunidade. Cuida da unidade e identidade salesiana de toda a obra, encoraja os irmãos na realização do projeto pastoral da paróquia (cf. Reg.29) e é membro do Conselho Pastoral.
O pároco, pastor da comunidade, é o responsável imediato pela missão paroquial confiada pelo Bispo à Congregação Salesiana. Para a comunidade cristã, ele representa o Bispo, mas também a Congregação Salesiana. Fiel à missão educativa e pastoral, tem Dom Bosco como modelo na evangelização dos jovens e do povo de Deus.
O pároco é chamado a acolher, escutar, acompanhar e formar a comunidade paroquial. Preside-a, assumindo a responsabilidade de atuar o projeto pastoral, em comunhão com o diretor, a comunidade salesiana e o Conselho Pastoral.
A comunidade paroquial promove e acompanha a diversidade das vocações, encorajando também os leigos para que assumam o seu papel significativo na missão evangelizadora. A comunidade paroquial reforça-se nas assembleias, nos grupos, nas pequenas comunidades e nos movimentos que vivem um maior compromisso em favor de todos. A paróquia salesiana anima os grupos eclesiais, com especial atenção às propostas da Família Salesiana e do Movimento Juvenil Salesiano.
Considera os jovens como membros de pleno direito da CEP. Esta presença carismática garante a atenção ao mundo dos adolescentes e jovens, positiva e interessada no seu mundo, nas suas preocupações, experiências e expetativas. A preferência pelos jovens carateriza a forma da pastoral paroquial, dinâmica, entusiasta e propositiva de ideais evangélicos.
2.4.3.- A proposta educativo-pastoral da paróquia e do santuário confiados à comunidade salesiana
A paróquia faz parte de um mundo sujeito a profundas e rápidas transformações. A sua missão é uma realidade unitária e complexa e exige um Projeto Educativo-Pastoral (CG21, n. 140).
«O Projeto Educativo-Pastoral é uma síntese rica de conteúdos e de métodos; de processos de promoção humana e ao mesmo tempo, de anúncio evangélico e de aprofundamento da vida cristã» (CG21, n. 80).
a) Um centro de evangelização e educação à fé
O livro dos Atos dos Apóstolos, mais do que outros, ajuda-nos a entender a vida não certamente fácil das primeiras comunidades cristãs. Nelas, enraizava-se e consolidava-se a partilha e difusão da verdade de Jesus Cristo. No capítulo 2, versículos 42-46, lê-se um trecho que pode realmente acompanhar a vida de qualquer a comunidade paroquial:
«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, | Evangelização e catequese |
à união fraterna | Testemunho da caridade |
à fracção do pão e às orações | Oração |
e partiam o pão em suas casas» | Liturgia |
A paróquia confiada à comunidade salesiana oferece a todos uma proposta sistemática de evangelização e educação à fé (cf. CG23, n. 116-157). Promove o primeiro anúncio para os que estão afastados e oferece itinerários continuados e graduais de educação à fé, sobretudo às famílias. A paróquia é uma comunidade em que se podem experimentar os valores mais caraterísticos da espiritualidade salesiana: alegria da vida cristã quotidiana, esperança que percebe o que há de positivo nas pessoas e nas situações e promove a comunhão.
A comunidade paroquial cultiva as relações humanas, preocupando-se com que as pessoas e os grupos se sintam reconhecidos, aceites, compreendidos. As nossas comunidades eclesiais representam o lugar oportuno da experiência cristã quotidiana.
Portanto, a comunidade preocupa-se com todos e, em particular, com o amadurecimento humano e religioso dos mais fracos e necessitados: não só acolhe todos os que buscam o significado religioso da própria vida, mas oferece compaixão e acompanhamento àqueles que são tentados a afastar-se. Consciente disso, a paróquia sente-se interpelada por aqueles que se consideram indiferentes ou não interessados.
A paróquia é uma comunidade missionária e evangelizadora, que promove a comunicação da experiência cristã; a Palavra de Deus e a liturgia sustentam a vida de fé dos seus membros. A comunidade paroquial coloca a Eucaristia no centro da vida comunitária e celebra de modo significativo os sacramentos da vida cristã, especialmente o sacramento da Reconciliação.
A paróquia confiada aos salesianos alimenta a devoção a Maria Auxiliadora. A Virgem de Dom Bosco deve ser considerada como uma presença realmente ativa que nos torna melhores no seguimento de Jesus: «fazei o que Ele vos disser», é o convite da Mãe. A devoção a Maria Auxiliadora une-nos na comunidade universal da Igreja.
b) Uma presença de Igreja aberta e inserida no território
A paróquia é o rosto da Igreja. É no território, ponto de referência, que a paróquia torna a Igreja visível e socialmente inserida na vida quotidiana. Nela, os cristãos vivem a fé, a esperança e a caridade alimentados pela Palavra de Deus e pela celebração dos sacramentos. A paróquia é «a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas» (Christifideles Laici 26).
A comunidade paroquial é o centro significativo das várias comunidades eclesiais e dos grupos que nela existem. É uma comunidade aberta, que colabora com as outras paróquias e comunidades e com as demais agências sociais e educativas presentes no território para o desenvolvimento humano e religioso dos cidadãos.
Empenhada no diálogo com os vários ambientes culturais, a paróquia ajuda a todos no desenvolvimento dos valores, critérios de julgamento e modelos de vida segundo o Evangelho, através de uma presença fundada na confiança (dada e recebida).
A paróquia realiza a própria missão em comunhão com a Igreja local e o Bispo, com as outras paróquias e as organizações pastorais diocesanas.
«Nas paróquias contribuímos para a difusão do Evangelho e promoção do povo, colaborando com a pastoral da Igreja particular mediante as riquezas de uma vocação específica» (Const. 42).
c) Uma comunidade com olhar missionário
Na fidelidade a Jesus, a paróquia crê que o Reino de Deus tem os pobres como seus destinatários e sujeitos privilegiados. Portanto, na sua pastoral, deve resplandecer a opção preferencial evangélica pelos mais pobres, o que leva, em primeiro lugar, à valorização da fé e da sabedoria dos pobres e ao seu acompanhamento.
A paróquia confiada aos salesianos assume como critério e opção fundamental a unidade existencial de evangelização, promoção humana e cultura cristã. Anunciamos o Evangelho e a pessoa de Jesus em relação íntima com a história das pessoas, seus problemas e suas possibilidades. No desejo de sanar as situações menos humanas, deixamo-nos guiar pelo valor de plenitude humana que a pessoa tem em Deus. A realização da evangelização paroquial comporta ao mesmo tempo a difusão do Evangelho e a promoção do povo (cf. Const. 42). Tal proposta não se esgota apenas na administração dos sacramentos.
A paróquia é encorajada a ser espaço de acolhimento e de esperança para todos, especialmente para quem está cansado, na indigência, marginalizado, doente e a sofrer. Assim, em diálogo e colaboração estrita com as instituições do território, promove intensamente a tutela e a defesa dos direitos humanos; compartilha as suas preocupações e aspirações.
d) Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares
A pastoral juvenil deveria ser considerada na paróquia como a dimensão que carateriza a sua vida. É esta a contribuição especial que os salesianos oferecem como enriquecimento à missão da Igreja particular (cf. Const. 48; Reg. 26). A atenção especial aos jovens é, portanto, uma opção preferencial de dinamismo juvenil na evangelização.
«A paróquia confiada aos salesianos deve atualizar hoje esta experiência carismática de Valdocco e enriquecer com ela a pastoral da Igreja local. Por isso, caracteriza-se por algumas opções carismáticas colocadas na base da própria vida e missão» (P. Antonio Domenech, ACG 396, “Orientações e Diretrizes: A identidade da paróquia confiada aos salesianos”).
A atenção preferencial aos jovens, especialmente os mais pobres, confere à pastoral da paróquia uma particular forma de ação e uma especial disposição educativa. Favorecem-se experiências que tornam os jovens evangelizadores de outros jovens. A prioridade juvenil implica também o dever de sensibilizar a comunidade diocesana sobre os problemas e as exigências da pastoral juvenil. A paróquia confiada aos salesianos pode contribuir para oferecer propostas educativo-pastorais às relações das paróquias com o mundo dos jovens.
A paróquia é uma comunidade que acompanha a opção vocacional dos fiéis, especialmente dos jovens. O acompanhamento dos jovens requer esforço notável. Este serviço ajuda a personalizar a fé; na escuta de Deus, reforça-se o sentido vocacional da vida cristã. A paróquia orienta e acompanha as diversas vocações na Igreja. Oferece aos jovens uma proposta vocacional específica à vida religiosa, ao sacerdócio ou ao laicato empenhado. Promove a oração constante pelas vocações na comunidade paroquial e nos vários grupos e movimentos.
A paróquia salesiana tem caráter popular de amplo acolhimento. A evangelização da cultura popular requer atenção constante às várias formas nas quais ela se manifesta. A evangelização contextualiza-se e integra-se na vida do povo considerando a sua história, tradição e cultura, os seus costumes e as suas raízes.
2.4.4.- A animação pastoral orgânica da paróquia e do santuário confiados aos salesianos
a) Principais intervenções da proposta
A paróquia é uma comunidade evangelizadora; leva o primeiro anúncio àqueles que vivem afastados e catequiza-os, acolhendo-os na situação em que se encontram. Parece oportuno recuperar alguns princípios inspirados no catecumenato cristão como elementos pedagógicos e base para a educação à fé. O catecumenato procura evangelizar nas quatro principais áreas de crescimento na fé, presentes na experiência da Igreja (cf. Diretório Geral da Catequese, 147): a dimensão pastoral, a dimensão comunitária, a dimensão celebrativo-litúrgica e a dimensão da ação evangelizadora. As quatro dimensões podem ajudar à programação adequada das intervenções com os jovens, garantindo o caráter unitário e integral da experiência cristã.
[1] A paróquia cria e propõe itinerários graduais e diversificados de educação à fé especialmente dos jovens e das famílias sem, contudo, reduzir a catequese apenas à preparação para os Sacramentos (cf. CG23, n. 166-157). Estes processos iniciam as famílias na educação da fé de seus filhos, instituem a catequese batismal, oferecem itinerários de educação à fé para os jovens namorados e noivos que depois poderiam dar vida a grupos de famílias.
A catequese deve transmitir, em todas as suas formas, uma síntese adaptada e atualizada da mensagem cristã e, sobretudo, integrar a experiência pessoal no processo de amadurecimento e crescimento cristãos. Procura encorajar e acompanhar o esforço progressivo na vida cristã.
A iniciação cristã baseia-se na esperança, nas relações com a comunidade e com o testemunho de vida. Portanto, a paróquia confiada aos salesianos oferece múltiplos processos pastorais e iniciativas que, com frescura e criatividade, permitem um encontro pessoal com Jesus Cristo. É urgente iniciar nas comunidades cristãs experiências significativas que acompanhem quem, nos vários momentos, anda à procura da fé: compreensão e escuta da Palavra de Deus (cursos de introdução à Sagrada Escritura, pregação, Lectio Divina); experiência de oração pessoal e partilhada (escolas de oração); participação na celebração litúrgica da Eucaristia e dos Sacramentos; aprofundamento da fé; valorização das riquezas da piedade popular; experiência de pastoral juvenil missionária nas zonas rurais e urbanas. Tudo deve ser acompanhado de reflexão, comunicação profunda, silêncio e contemplação.
[2] Outra ação da paróquia é encorajar a pertença eclesial nos grupos. Com esta finalidade, favorece entre outros os movimentos, as comunidades juvenis, os grupos da Família Salesiana. Exige-se também a coordenação desses grupos com o MJS e a proposta da Espiritualidade Juvenil Salesiana. A experiência de grupo deveria levar à criação de comunidades cristãs abertas e integradas.
[3] A paróquia é uma comunidade que vive a liturgia e os sacramentos e, para tanto, prepara-se para celebrar com alegria e beleza. Cuida de que a liturgia seja mais próxima da vida, procurando usar uma linguagem compreensível e acessível, expressa de modo simples através de cantos, gestos, histórias, testemunhos, símbolos. Para que a celebração seja viva, é importante reavivar a participação ativa de todos na sua preparação e realização.
[4] Ao promover o crescimento de uma fé ativa, a paróquia educa para a dimensão social da caridade a fim de construir a cultura da solidariedade. Desta forma, reconhece e encoraja o compromisso dos membros da comunidade paroquial envolvidos na ação social e na caridade, na vida civil e política. Sustenta a promoção, a formação e o acompanhamento do voluntariado solidário e missionário.
Em uma, na comunidade eclesial que colabora com outras forças do território em favor dos pobres, deve ser visível em gestos concretos a conduta de vida sóbria e aberta à generosidade e à solidariedade, em ações que manifestem os valores do Reino. Privilegiem-se os gestos de solidariedade que se traduzem em atividades duradouras.
[5] A comunidade paroquial torne-se centro de formação para leigos, dinâmicos e empenhados, e, sobretudo, para os animadores pastorais dos jovens. Prioridade para o futuro da comunidade eclesial é o desenvolvimento de itinerários adequados de formação para todos os agentes, em particular para os que têm responsabilidades educativas: catequistas, adultos (ou jovens maduros), pessoas de fé, preparadas para animar os grupos. A metodologia criativa e dinâmica não pode ser realmente fecunda, se não for utilizada por catequistas preparados.
Tudo isto exige da comunidade paroquial, salesianos e leigos, espaço e tempo de análise e reflexão sobre a ação pastoral em favor dos jovens e adolescentes.
b) As estruturas de participação e responsabilidade
Animação da comunidade paroquial local
A assembleia paroquial e os grupos são instrumentos de comunhão e participação dos leigos na vida da comunidade e momentos de corresponsabilidade. Reforçam a sua identidade mediante a preparação e concretização do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano da paróquia.
A pastoral paroquial configura-se também num Projeto Educativo-Pastoral unitário e articulado. Com ele, a paróquia propõe uma efetiva corresponsabilidade na missão pastoral de ensinar, santificar e orientar a todos. As estruturas da paróquia reforçam a comunhão entre todos e a convergência e complementaridade das pessoas, intervenções e estruturas em torno do Projeto Educativo-Pastoral.
O conselho paroquial é uma equipa pastoral de caráter consultivo e operativo (cf. Código de Direito Canónico, can. 536); é representativo dos vários grupos e setores da paróquia. Em conformidade com as tarefas previstas pelo Código de Direito Canónico e pelas linhas de orientação da Igreja local, cumpre o papel que o CG24 confere ao Conselho da CEP e da obra (cf. CG24, n. 160.171). Trata-se de uma equipa necessária para a animação pastoral da paróquia. Presidida pelo pároco, animada e acompanhada por ele mesmo com os demais salesianos da comunidade, a equipa é composta pelos presbíteros indicados para a paróquia, pelos representantes dos vários setores da vida paroquial e demais membros que o pároco pode nomear livremente.
As suas principais funções são definidas nos Estatutos: analisar a realidade da paróquia e dos destinatários para uma resposta evangélica aos desafios que dela provêm; propor à assembleia o PEPS da paróquia, implementá-lo e revê-lo periodicamente; estudar e aprovar o balanço ordinário da paróquia; garantir a formação dos agentes pastorais paroquiais.
As comissões e os grupos de trabalho são equipas que, em conformidade com o PEPS, animam as diversas áreas de atividade. Entre estas é particularmente importante a comissão ou equipa animadora da pastoral juvenil, coordenada pelo vigário paroquial ou por um salesiano ou leigo responsável pelo Oratório-Centro Juvenil (cf. CG20, n. 432).
É prescrita a comissão económicada paróquia. A sua composição responde a critérios de competência e eficiência administrativa. Os seus membros devem ser especialistas no campo económico e de conduta reta. O seu estatuto jurídico é puramente consultivo: aconselha o pároco na administração dos bens da paróquia. Presidente de direito da comissão económica é o pároco, enquanto «pastor próprio» (cf. Código de Direito Canónico, can. 515.519) de uma determinada comunidade de fiéis; o pároco é o seu responsável não só do ponto de vista sacramental, litúrgico, catequético e caritativo, mas também administrativo; de facto, ele é, no ordenamento canónico, o seu representante legal (cf. Código de Direito Canónico, Ca. 532) e seu único administrador (cf. Código de Direito Canónico, can. 1279).
Os seus estatutos definem-lhe a natureza, as caraterísticas, os objetivos, a composição, as tarefas, as funções dos membros, os modelos de trabalho, a relação com o Conselho paroquial e a duração dos cargos.
Quando a paróquia está presente na região com outros ambientes da obra salesiana (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Obra Social, Internato, Residência), promove com eles, em diálogo, uma colaboração especial em vista da pastoral unitária no interior da única missão. Em relação ao Oratório-Centro Juvenil é um apelo ao projeto pastoral convergente no território e na Igreja local, a partir das diversas responsabilidades dos dois ambientes da obra. As relações recíprocas demonstram, de facto, a unidade da ação pastoral enquanto a distinção dos projetos permite-nos responder melhor às não poucas situações particulares da Congregação: Oratório-Centro Juvenil numa paróquia salesiana; Oratório-Centro Juvenil em paróquias diocesanas; Oratório-Centro Juvenil em obras muito complexas.
O conselho do Oratório-Centro Juvenil, em sua totalidade ou através de uma representação qualificada, está presente no conselho pastoral paroquial como garantia de unidade da ação evangelizadora. Em diversas Províncias foi codificado que o encarregado do Oratório-Centro Juvenil seja o vigário paroquial para a pastoral juvenil.
Animação provincial/nacional
O pároco é nomeado pelo Provincial e apresentado ao Ordinário do lugar para trabalhar ao serviço da Igreja local, em comunhão com o Bispo, o presbitério e as demais paróquias. Procura a coordenação com as demais paróquias da Província e a delegação provincial de pastoral juvenil. As orientações do Capítulo Geral 19 e do Capítulo Geral Especial (CG20, n. 441) pedem que se promova em todas as Províncias a coordenação das paróquias.
As paróquias dependem das Dioceses nas quais estão localizadas, mas são confiadas à Congregação Salesiana para responder às exigências das Igrejas particulares (Reg. 25). Pela sua pertença à Igreja local, a paróquia salesiana incorpora no seu PEPS as orientações pastorais da diocese e as do PEPS provincial.
A Comissão provincial, presidida por um coordenador, garantirá a ação provincial de acompanhamento e apoio às comunidades paroquiais na atuação do PEPS paroquial. Tanto o coordenador como a própria Comissão participam nos órgãos de animação da pastoral juvenil provincial.
O Coordenador e os membros da Comissão têm estas funções:
- sensibilizar as comunidades salesianas para que deem maior atenção às realidades paroquiais onde elas se encontram;
- promover a reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana da paróquia em relação à situação eclesial e social do território;
- responder aos desafios pastorais da Igreja nas igrejas públicas e nos santuários presentes nas obras da Província;
- garantir a elaboração, execução e revisão do PEPS das paróquias e dos santuários, oferecendo às comunidades paroquiais linhas e orientações que levem a viver a identidade salesiana;
- favorecer a comunicação e colaboração entre as diversas paróquias da Província;
- apoiar a formação permanente dos salesianos e leigos corresponsáveis na pastoral paroquial, com encontros e cursos programados;
- convocar periodicamente jornadas ou encontros de párocos, conselhos pastorais, catequistas, equipas de serviços, de apostolado da saúde, de pastoral juvenil.
Requer-se sinergia com as demais comissões provinciais: Oratório-Centro Juvenil, MJS, Animação vocacional, Animação missionária, Comunicação Social. A Comissão Provincial de Formação garante o acompanhamento formativo dos estudantes de teologia, sobretudo dos diáconos, no exercício do seu ministério. Eles devem ser inseridos na gestão efetiva do ministério paroquial.
O dinamismo e o trabalho de coordenação provincial são apoiados pela ação de animação e coordenação nacional, segundo as circunstâncias e os contextos. A sua função primária consiste em promover a reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana da paróquia, através do desenvolvimento e atualização da proposta educativo-pastoral. Por isso, procurará facilitar a comunicação entre as Províncias a fim de partilhar experiências e desafios. Prática comum em diversas realidades da Congregação é promover, através da organização nacional, a atualização e formação dos párocos (formação, exercícios espirituais, cursos de especialização). Além disso, nesta plataforma, é possível convocar reuniões para uma reflexão nacional, consciente da variedade dos grupos existentes nas nossas paróquias (catequistas, conselhos paroquiais, animadores juvenis, comissões, grupos).
2.5.- As obras e serviços sociais para jovens em situação de risco
2.5.1.- A originalidade das obras e dos serviços para jovens em situação de risco
Dom Bosco, pelas ruas de Turim, viu as necessidades dos jovens em perigo e respondeu à sua pobreza abrindo novas frentes de serviço pastoral. Logo que entrou no Colégio Eclesiástico, o padre Cafasso confiara-lhe a tarefa de visitar as prisões em que, pela primeira vez, constatou as condições degradantes e infelizes de muitos jovens detidos. O impacto dos jovens na prisão comove-o e perturba-o, mas suscita também uma reflexão operativa.
Considerou-se enviado por Deus para responder ao grito dos jovens pobres e intuiu que, se era importante dar respostas imediatas ao mal-estar deles, era-o ainda mais prevenir as suas causas com uma proposta educativa integral. Para tanto quis, em primeiro lugar, acolher junto de si os jovens, órfãos e abandonados, que chegavam à cidade de Turim à procura de trabalho, não podendo ou não querendo seus pais assumir o cuidado deles.
Com o zelo missionário de Dom Bosco, vamos ao encontro dos rapazes, dos adolescentes e dos jovens que vivem em condições de exclusão social. Esta expressão deve ser assumida além do mero significado económico; a ele faz referência o conceito tradicional de pobreza, pois também implica a limitação no acesso à instrução, à cultura, à habitação, ao trabalho; implica também a falta de reconhecimento da dignidade humana, além da interdição ao exercício da verdadeira cidadania. Acreditamos que a forma mais eficaz de responder a esta dificuldade é a ação preventiva nas suas múltiplas formas.
A opção pelos jovens pobres, abandonados e em situação de risco sempre esteve presente no coração e na vida da Família Salesiana, desde Dom Bosco até hoje; daí uma grande variedade de projetos, serviços e estruturas em prol da juventude mais pobre, com a opção da educação, inspirada no critério preventivo salesiano.
«Com Dom Bosco reafirmamos a preferência pela “juventude pobre, abandonada, em perigo”, que tem maior necessidade de ser amada e evangelizada, e trabalhamos especialmente nos lugares de mais grave pobreza» (Const. 26).
Levados pela constatação da crescente exclusão social, reconhecemos a necessidade de garantir a prática do sistema educativo de Dom Bosco, para que os jovens superem o desânimo e a marginalização, assimilando as perspetivas da educação ética e da promoção da pessoa, na ação sociopolítica e na cidadania ativa, preocupamo-nos com a educação e a defesa dos direitos dos menores, a luta contra a injustiça e a construção da paz.
A pobreza e a exclusão crescem diariamente até assumirem uma dimensão trágica; trata-se de uma pobreza que fere indivíduos e comunidades, especialmente os jovens, até ser uma realidade estrutural e global de vida. O nosso modelo é o Bom Samaritano, “coração que vê” e que salva.
As situações de pobreza e de exclusão têm um forte impacto social e, infelizmente, tendem a persistir. Não podemos ficar indiferentes diante disso; a realidade impele-nos e empenha-nos a pôr em ação respostas imediatas, a curto e médio prazo (cf. CG21, n. 158; CG22, n. 6, 72; CG23, n. 203-214), tais que, vencendo injustiças e desigualdades sociais, deem aos jovens novas oportunidades para construir a vida de modo positivo e inserir-se responsavelmente na sociedade.
Muitas dessas obras e serviços apresentam um modelo pedagógico e salesiano novo e exigem, por isso, competência profissional, programas especializados e colaboração com as instituições civis e religiosas. A seguir, oferece-se uma visão de conjunto dessas obras e serviços:
- obras para rapazes da rua: casa-escola, centros de dia ou casa-família. Além delas há também soluções residenciais para jovens sem teto: estruturas adaptadas para deslocados e refugiados, para jovens errantes, que vivem na rua, à margem da sociedade, abandonados ou órfãos;
- serviços aos jovens com necessidades especiais: menores sem medidas de proteção e responsabilidade penal; presidiários; crianças-soldado; crianças exploradas pelo turismo sexual e maltratadas; rapazes com necessidades educativas especiais, físicas e mentais;
- atenção aos imigrantes: alfabetização; apoio psicopedagógico e escolar; apoio jurídico para a regularização das situações; contributos pelas competências sociais e profissionais; participação e integração no contexto;
- acolhimento e acompanhamento para recuperação e reabilitação de dependentes de drogas, menores com problemas comportamentais, doentes de AIDS-HIV;
- serviços educativos alternativos para enfrentar o problema da falta de sucesso escolar, com projetos socioeducativos; ateliers profissionais e de pré-colocação; aulas de apoio e reforço escolar; ateliers socioprofissionais; cursos de formação para desempregados; programas de reforço educativo;
- presenças de inserção em ambientes populares e de atividades culturais em bairros periféricos; ações para acolher e acompanhar vítimas de violência, de guerra e de fanatismos religiosos;
- centros de atenção e apoio à família na sua função educativa; serviços destinados aos jovens que sofrem por provirem de famílias irregulares, famílias sem casa ou com alojamento indigno;
- serviços específicos de promoção da mulher: alfabetização, maternidade responsável, educação para a saúde e higiene.
A aceitação da opção preferencial carismática em favor dos mais pobres e necessitados é transversal na animação orgânica da Família Salesiana. No PEPS provincial, garantimos esse compromisso em todas as nossas obras e presenças. Prevenir e enfrentar possíveis situações e necessidades dos jovens em todos os nossos ambientes, em qualquer contexto e, em particular, nas obras e nos serviços específicos de atenção à pobreza e exclusão social, é um traço típico da Pastoral Juvenil Salesiana.